terça-feira, 7 de junho de 2011

Um lençol azul manso
Que acarinha meu turbante de orgulho próximo.

Vejo a queda de água a cair
Enquanto me levanto,
Surpreso de energia,
E me dobro por dentro,
Ó noite minha.

Ficam segredos por contar
Tragédias que nunca foram
E sonhos a ser.

Há um sono dentro
Que quer partir,
Deixar a confusão do barulho e ir.

Dormi-me ali um pouco e tudo
Parecia certo,
A vida que tinha e a que teria
Se me levantasse.

Então lá me levantei
E notei que
A gravidade,
E minha consciência dela,
Me puxavam para baixo
E que meu sonho
Se parecia agora que longínquo.

Como permanecer no sono,
Que é o sonho,
Na vida em que se realmente anda?

Porque me é hoje
Pesada a vida
Como se me fosse negada
Logo antes de principiada?

E noto bem,
Que não só a vida,
Que para não lhe sentir frígida
Eu me nego passagem
Para distrair culpabilidades…

Sou eu ou a vida
Que me pára?

E será que me paro deveras
Ou me simplesmente adio?

Voltava agora de bom grado
Para a terra do sonho
Que esta terra faz demais barulho.

(Dormir a sesta é coisa
Que me molesta.
Tenho toda uma nova caminhada
A fazer
Para me despertar deveras.)

E uma menina,
Com certeza que bonita
(que não lhe vejo a cara),
Maneja a mão ao alto
Chamando seu amigo, seu irmão.
E aquele com quem ela está
Vai pescando, aguardando.

Eu vou-me fingindo
Responsável por tudo o que alcanço e vejo.

Não me poderia cingir a mim?
Ser apenas eu e minha vida?

Enfim…
Antecedo a velhice
Neste corpo esbelto e firme
Que deveria combater uma guerra
Ou gerar um filho:
Coisas úteis…

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