sexta-feira, 20 de maio de 2011

Encontro com o vento. Fala-me ele de ti enquanto em canto de silêncio eu oiço e de ouvir acabo reproduzindo uma sinfonia em honra tua. Os tempos em precipícios de montanhas que em olhos soberanos se olham e escutam com respeito. Sentada naquela ali, uma rocha acesa e ali um pouco mais à frente e já noutra montanha as vestes de uma menina mulher dançam o vento em crer.
Lá em baixo, eu, desejando voar, desci, desci o alto de mim, onde ontem estava e aqui bem perto do chão desejo voar. Um desejo antigo e ardente que vivia em mim lá nas alturas. Porque estar lá em cima se não há mais tecto para alcançar? Cansei-me do topo e desci. Desci e desci levou dias meses anos já não sei ao certo mas desci e agora aqui sentado já também quase que me esqueci do porquê de meu descer… Conheci tantas árvores arbustos coelhos e cabras das rochas e ventos e silêncios e céus e sóis e luas conheci tanto neste meu descer que me esqueci do que queria ao descer. Mas agora que meu pé pisou o plano do chão não inclinado, esta terra tão espaçosa e pouco exigente, não sei se ainda desejo voar. Para quê voar se se está bem e deveras foi uma conquista estar onde estou?

Já não desejo voar não,
Vou antes andar,
Sim, isso,
Vou apenas andar.

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