quarta-feira, 4 de maio de 2011

Encrustado em pena branca
Há cara suja que teima comer
O pó do branco puro.

Atravessa o terraço
Em pouco de altura
Se debruça.
A morte não chega
Nesse chão,
Salta então.

Caída veste azul,
Azul medieval,
Mais feliz religião
Que intrínseca beleza
Ausculta seu chão
Sujando-se dele
E em cima
Pleno, pleno azul limpo.

Quem de o crer?

Tu, talvez…

Pardalito não te calas?

Foge, foge pardalito…

Creio em tranças castanhas
Oiradas pelo sol da manhã.

Sentada à beira dela
Eu me sujo de pensar.
Requiro que me dói a cabeça,
Ela se encolhe de ombros e diz
Em sua pequena mente,
“não compensa…”

O mar ao sol
Distribui seu barulho incessante.
Ondas que expressam
Que a morte não mata a vida…

Levanto o corpo
Para ir deitar
Ali a mente.
“cansado durmo.” Penso.

Ela se esvai em parte
Que agora não me disponho
De fala pois oiço sonho meu.

Atravessa, ela, a calma
E se dispõe
De abraço ao mundo
Feito ar, energia.

Queimo sabedoria
Em fala e ela é dela em mim criadora.

Suspiro baixinho e se ela foi…

Grito alto a dor
Chamando-a
E o silêncio di-la
Não ter a seu dispor.

Ensanguentado em mísera solidão
Olho a direcção da hora:
“almoço, está certo…”

Não creio em nenhum perdão
E assim ele me é
Faca bem fina e afiada
Em meu coração.

O galo canta e é uma hora,
Falta tanto para o novo dia
E ele já canta.
Será que também ele tem pressa?

Fungando as preces de um outro amanhã
Gero cansaços antecipados,
Antigos de não (antes) cuidados.

“ela vem, ela vem…”

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