quarta-feira, 4 de maio de 2011

Saudação à noite que vou ter

Que me aceites bem
Vestes esfarrapadas,
Coração furado
E olhos lunares
De quem tristeza
Fez desenvolvimento.

Que me aceites bem
Noite minha.
Que de mãe fazes
Quando assim quero e me esforço.

Sabes... Eu para ter vida
Só com esforço
Se não largo-me na morte da civilização
E como que morro afogado.

Aceita-me bem noite minha.
Aceita-me como filho
Que já tiveste
E deambula perdido
Pelo som do nada.

Lembra-te que comigo
Tens sempre porta-voz de tua maravilha.

Ah minha noite querida
Se soubesses o quanto anseio partilhar-te
Com uma ela que me agrade.

Mas não, vem-me à mente solidão
E obrigação de poesia
Que me requer o nada ter
Para tudo poder fazer.

Sou estranho eu sei.

Mas sou teu filho
Noite minha.
Noite lisboeta que tem silencio e festividade.

Noite minha
Vou hoje a ti
E não sei de meus amigos…

Uns não me respondem
Outros trabalham amanhã cedo
Outros dormem em tua rua
Por virem de Paris à pressa fugindo
(cuida bem dele noite minha)
Outros nem sei ainda
De sua existência.

Mas fico eu
Minha querida
Eu para te dar
Minha sina.
É plena entrega se dela
Me fizeres
Brochura de noite de amor.

Noite minha, tusso:
Falta de vida…
Pesam-me os pulmões de não
Os poder respirar com vida.

(Estou errado,
Acerta-me aqui a coluna vertebral…)

Se contigo partilho minha vida
Então não mais tristeza por,
Pelo menos,
Amanhã, mais um dia.

Que vivo em segredo para,
Entre outras coisas,
Te contar.

Vês?
Sou te querido
E sincero,
Só te quero dar
E assim dá-me tu teu enleio
Sábio de Deus que não morre…

Tu não morres pois não noite?

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