quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ode à condição actual-Cultural

Em passado que me passo presente
O futuro me não chama à recepção.
Fica ali me olhando e eu a ele.
Espero sentado, já ausente de minha situação.

Não me chama ele há 2 anos e já peso úlceras no cu
Que aqui, onde estou,
Só sentado.

Ao lado estão outros
Mas como proibido falar
E se falar perco o lugar
Me subestimo de poder
E me deixo sentado.

Lá vão chamando um e outro
E tarda tanto que me chamem a mim
Que já nem nisso creio.

Mas melhor aqui
Que onde já foi.

Melhor aqui
Que ali onde já não sei dele de mim.

Melhor aqui
Que parado permaneço
E como de nada faço,
Nada apago,
Nada perturbo.

Mais 2 anos…
Cadeira de rodas.
Já nem minhas pernas andam,
Fizeram greve e se cancelaram.

Olho com olhos
De já mocho
As luzes artificiais
Da sala de espera
(que) me comem os sonhos
Em setas afiadas
Que já nem me penetram a carne
Feita cimento igual a estas paredes.

Recebo uma chamada.
É do passado,
É para mim!

Olho em volta e já nem me sei...
A voz que me fala
Sabe-me e diz-me disso.

Ao fim de hora e meia
Lembro pedaço de quando ainda andava.

Desligam-me a chamada,
Passou o tempo…

Eu sorrio.
De me lembrar de quando andava
Minhas pernas cancelam a greve
E me andam!

Vou porta-fora pó passado!
Que se dane o Futuro!

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